Recebi, há dias, um poema do nosso colega Manuel Dias Horta, o qual transcrevo a seguir:
O LICEU
O LICEU
Passa o tempo com naturalidade
Deixa a amizade e a saudade
Ainda ontem o liceu
Mocidade generosa
Ingénua e airosa
Tempo que não esqueceu
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Idade de mil sonhos
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Idade de mil sonhos
Amores, desamores e loucura
Tempo de futuros risonhos
Para tudo havia uma jura
Moças e moços separados
Por contínuos vigiados
Regulamentos de outrora
Geração de sessenta
Que a mudança fomenta
Regulamentos que deitará fora
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Ver as moças entrar
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Ver as moças entrar
De manhã ao portão
Com elas ao menos falar
Mesmo que seja com moderação
Atrevimento próprio da idade
Passeava-se com as moças na cidade
Aproveitamento umas vezes bom outras não
Professores que eram doutores
A maior parte sabedores
Pelo que nos ensinaram, gratidão
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Ser finalista era uma meta
Talvez o melhor ano do liceu
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Ser finalista era uma meta
Talvez o melhor ano do liceu
Depois outra vida se enceta
Só a recordação permaneceu
Mocidade, juventude, pura ilusão
Os moços para a guerra vão
Uma nova condição aparece
Só por quem lá passou
Mais a saudade que cá deixou
Com o tempo tudo esmorece
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Pelo país se espalharam
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Pelo país se espalharam
Onde fosse maior a ambição
Outros, por cá ficaram
As coisas assim calharam
Por ano uma reunião
Onde muitos já faltarão
Dos que mais cedo abalaram
Permitam-me a evocação
O António João e o Simão
Homens e amigos d'eleição
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Quem pelo liceu passou
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Quem pelo liceu passou
Pedaços da vida lá deixou
A ser homens e mulheres lá começaram
Local de ensino e virtudes
Utopias de juventudes
Que tantos sonhos abrigaram
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Beja, 2009.09.02
M.D. Horta
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Beja, 2009.09.02
M.D. Horta