domingo, 21 de novembro de 2010

"O RELÓGIO DO LICEU"

Do nosso colega e amigo, Manuel Dias Horta, transcrevo um texto publicado no Diário do Alentejo de 12 do corrente mês de Novembro.


"Os hábitos, os costumes, as tradições, as ruas, as praças, os edifícios, o que os ornamenta e embeleza, mais o que falta dizer, constituem um património inestimável das nossas gentes, das nossas cidades, vilas e aldeias.

Em Beja ainda chove no molhado pela destruição da praça da República, do jardim do Bacalhau e da avenida Miguel Fernandes, a culpa não chegou e enviuvar porque morreu solteira.

O relógio do Liceu não é uma peça de arte, mas guarda na enormidade dos seus caracteres e ponteiros a riqueza de décadas e décadas de um passado onde abundam a saudade e a nostalgia.

Admirado por quem de fora vinha à cidade, tema de conversa em cafés e salões de chá, causador de arrelias ao saudoso Sr. Branco, este gigantesco medidor do tempo, de preto pintado esbatido no amarelo do edifício, nunca foi um mouro de trabalho, tendo gasto a maior parte da sua exitência no regime de "baixa", ainda assim tem arranjado tempo para assinalar horas boas e horas más, testemunhar a passagem de gerações de meninos e meninas, de homens e mulheres que naquela casa iniciaram a preparação para enfrentar o que de bom ou mau a vida nos reserva.

Não vemos o relógio no sítio onde sempre o olhámos, mas não constando que José Sócrates tenha alguma coisa que ver com este assunto, nem que tenha sido ferido o sentido estético de alguém e muito menos provoque embaraços no trânsito, augura-se o regresso do mítico relógio, do liceu da cidade, ao local onde sempre morou."