terça-feira, 19 de junho de 2012

Breve resenha do nascimento do Liceu de Beja, extraída do portefólio da Área de Projecto por alunos deste estabelecimento de ensino.

Não há nenhum documento que indique a exacta fundação do liceu. No entanto, segundo outros documentos, estes apontam para a abertura do liceu no ano de 1852.
Através do tempo, o Liceu, conheceu várias instalações: a primeira foi (em 1852) no Antigo Paço Episcopal; em 1863, foi autorizado o arrendamento do andar superior no Palacete no Terreiro de S. Tiago; depois, em 1870, nova mudança para a Casa da Porta de Ferro (na Rua Esquível); em 1905 vai para a Praça da República; e só em 1937, com inauguração a 20 de Julho, em edifício próprio e novo, instala-se o actual Liceu.

A data de 1870 foi um marco importante, pois foi nessa data que os estudantes do Liceu começaram a usar traje académico.
Os problemas culturais eram uma preocupação constante das gerações, mas nem só os problemas inerentes à cultura ocupavam os alunos. Estes, também, procuravam criar determinados costumes, conhecidos vulgarmente pela designação de praxe académica (que consistia em fazer coroas, baptizar os caloiros e fazer uma pequena maratona em redor do Liceu).
O sentido de solidariedade, na altura, unia os estudantes. Dessa união resultava a Academia (associação académica).
Mas Salazar, ao criar a “Mocidade Portuguesa” extinguiu as Academias e, em simultâneo, observava-se à degradação dos costumes académicos.

“Não há Academia; não há capa e batina, logo não há praxe.”
A propósito do nosso almoço-convívio, em Fernão Ferro, solicitou-me o nosso colega Manuel Dias Horta a publicação, nesta página, do texto e do poema a seguir:

"Meu Alentejo-Poema"

Ai que saudade, eu tenho da minha juventude
No Liceu, passada entre gente de virtude.

Num destes últimos sábados dum sorridente (para poucos!) mês de Maio e próximo dum local onde o mar vem beijar a terra, realizou-se um almoço-convívio dao antigos alunos do Liceu de Beja. Depois de repetidos beijos e efusivos abraços, embarcámos por uma daquelas viagens que o director deste jornal, encantadoramente, já descreveu no prefácio de determinado livro.
Nestas viagens, sempre com a saudade ao leme e o poço da memória destapado, procura-se o infinito, o longínquo ou o improvável, talvez.

E foi num momento de transbordo que Maria de Fátima Mendonça nos deu a conhecer o seu livro de poemas, para o qual escolheu a palavra "Alentejo", que o preenche da primeira à última página.
Na magia das palavras, no sublime de um verso, no encanto do poema, o poeta (nesta caso a poetisa), canta a terra bendita, o Alentejo de Fialho, de Torga, de Régio, de Florbela e agora, também de Maria de Fátima Mendonça.

Vou deixá-lo, leitor, com o fascínio de uma quadra e duma sextilha que a poetisa tributa à sua terra amada:
 



"Meu Alentejo-semente
Poema de mar sem fim
Tão real, sempre presente
Vivendo dentro de mim...

Abraço de terra e mar,
Beijo em seio da Natureza,
Bago-místico-ouro-gema...
Só Deus te pôde inventar,
Meu Alentejo-surpresa,
Meu Alentejo-poema!..."

Beja, 30-05-2012
Manuel Dias Horta